Capítulo 7
Da Carta de Brasão


        Em 27 de Março de 1820 D. João, Rei de Portugal, concedeu Carta de Brasão à família das Pedrosas, sendo seu primeiro titular José Guilherme Pereira Azevedo de Antas e Araújo. Tal documento reza o seguinte:

            "D.João, por graça de Deus Rei do reino Unido de Portugal e do Brasil e Algarves d'aquém e d'além-mar, em África, Senhor da Guiné e da Conquista Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e da Índia & C.ª, faço saber aos que esta minha carta de Brasão de Armas de Nobreza e Fidalguia virem, que José Guilherme Pereira Azevedo de Antas e Araújo, Monteiro-mór da Vila dos Arcos de Valdevez, Comarca de Viana, e morador nas suas Casas das Pedrosas, me fez petição dizendo que pela Sentença de Justificação de sua Nobreza a ela junta, proferida e assinada pelo meu desembargador da Casa da Suplicação servindo de Corregedor do Cível da Corte o Doutor João Baptista Esteves, subscrita por Joaquim Rebelo de Lima Aragão, Escrivão do mesmo Juízo, se mostrava que ele é filho legítimo do Bacharel José António de Azevedo Pereira de Antas Monteiro, ex-Corregedor da Comarca de Valença do Minho e Corregedor Eleito do Cível da Cidade, e de sua mulher D. Mariana Angélica Pereira da Silva e Oliveira, da dita Casa das Pedrosas.

            Neto por parte paterna do Doutor José Luís de Azevedo Pereira, que serviu de Juiz dos Órfãos da dita vila, e de sua mulher D. Maria Vitória da Conceição Pereira de Antas Monteiro e Araújo, moradores que foram na sua Casa da Valeta.

            Neto por parte materna de Joaquim José Pereira da Silva, Monteiro-mór que foi da mesma vila, e de sua mulher D. Máxima Júlia de Oliveira e Silva, moradores que foram na dita sua Casa das Pedrosas.

            Que a referida sua avó paterna do suplicante D. Maria Vitória da Conceição Pereira de Antas Monteiro e Araújo, e seus irmãos os reverendos Francisco Luís de Antas Monteiro e Frei João de Nazaré, foram filhos legítimos do Capitão João de Antas Monteiro, e sua mulher D. Perpétua Joaquina Pereira de Araújo, moradores que foram na sua Casa chamada da Rua, na Freguesia de Labrujo; cujo Capitão João de Antas Monteiro, serviu com muita distinção no Reino de Angola. Que o suplicante é igualmente descendente de Pedro Álvares de Antas, e sua mulher D. Violante Rodrigues de Araújo, Senhores e moradores que foram da sua antiga Casa da Torre, da freguesia de Riofrio; cujo Pedro Álvares de Antas, era filho da Casa Solar, chamada o Paço de Antas, na freguesia de Rubiães, Concelho de Coura e descendente de Mendo Afonso de Antas e a dita mulher D. Violante Rodrigues de Araújo, era filha de Álvaro Rodrigues de Araújo, Comendador de Riofrio.

            Neta de Paio Rodrigues de Araújo, Senhor de Sanfins e Panóias, e da antiga Casa Solar de Araújo, e possui a mesma Comenda. E que os referidos seus pais e avós são pessoas Nobres das Ilustres Famílias de Antas e Araújos, e como tais se trataram sempre à Lei da Nobreza com criados e cavalos, sem que em tempo algum cometessem crime de Lesa Majestade Divina ou Humana.

            Pelo que me pedia ele Suplicante por Mercê que para a memória de seus Progenitores se não perder, e clareza de sua antiga Nobreza lhe mandasse dar Minha Carta de Brasão de Armas das ditas famílias para delas tão bem usar na forma que as trouxeram e foram concedidas aos ditos seus Progenitores.

            E vista por mim a dita sua petição, e Sentença, e confiar de tudo o referido, e que a ele como descendende das mencionadas famílias lhe pertence usar, e gozar de suas Armas, segundo o Meu Regimento, e Ordenação da Armaria, lhe mandei passar esta Minha Carta de Brasão delas na forma que aqui vão Brasonadas, Divisadas e Iluminadas com cores, e metais segundo se acham registadas no Livro do Registo das Armas da Nobreza, e Fidalguia destes Meus Reinos, que tem o meu Rei de Armas de Portugal, a saber:

            Um Escudo partido em palma, na primeira as Armas dos Antas, que são em campo vermelho uma cruz formada de seis lisonjas de prata; e na segunda pala, as Armas dos Araújos que são em campo de prata uma arpa azul firmada no escudo, e carregada de cinco besantes de ouro. Paquife dos metais e cores das Armas. Timbre dos Antas, que é uma Anta de sua cor, e por diferença uma brica de ouro, com um J de negro. O qual Escudo, e Armas poderá trazer, e usar tão somente o dito José Guilherme Pereira de Azevedo de Antas e Araújo, assim como as trouxeram, e usaram os ditos Nobres, e antigos Fidalgos seus Antepassados em tempo dos Senhores Reis Meus Antecessores; e com elas poderá entrar em batalhas, Campos Reptos, Escaramuças e exercitar todos os mais actos lícitos da Guerra e da Paz.

        E assim mesmo as poderá trazer em seus Firmais, Anéis, Sinetes e Divizas, pô-las em suas Casas, Capelas, e mais Edifícios, e deixá-las sobre sua própria sepultura; e finalmente se poderá servir, honrar, gozar, e aproveitar delas em tudo e por tudo como a sua Nobreza convém. Com o que quero, e Me Praz que haja ele todas as Honras, Previlégios, Liberdades, Graças, Mercês, Isenções e, Franquezas que hão, e devem haver os fidalgos, e Nobres de Antiga Linhagem, e como sempre de tudo usarão, e gozarão os ditos, seus Antepassados. Pelo que Mando aos meus Desembargadores, Corregedores, Provedores, Ouvidores, juízes e mais justiças de meus Reinos, e em especial aos Meus Reis de Armas, Arautos, e Passavantes, e a quaisquer outros Oficiais, e pessoas a quem esta Minha Carta for mostrada e o conhecimento dela pertencer, que em tudo lha cumpram, e guardem, e façam inteiramente cumprir, e guardar como nela se contém, sem dúvida, nem embargo algum que a ela seja posto, por que assim é Minha Mercê EL REY Nosso Senhor o mandou por José da Cunha Madeira Cavaleiro de sua Casa Real, e seu Rei de Armas Índia servindo de Rei de Armas Portugal. Francisco de Paula Campos Escrivão da Nobreza destes Reinos, e seus Domínios ases em Lisboa aos vinte e sete dias do mês de Março do ano do Nascimento de nosso Senhor JESUS Cristo de mil oito centos e vinte".