Capítulo 3
Gerações a partir do Século XVIII


       O Dr. Armando Araújo de Azevedo Amorim deixou alguns apontamentos escritos, nos quais referia qiue o trajecto da família havia sido iniciado em 1715 por intermédio de Domingos de Azevedo Antas, casado com D.Ana Isabel Pereira, Senhores da Casa de Valeta, em S.Salvador da Vila.

            É verdade que Domingos de Azevedo Antas aparece como membro da família por volta de 1700, todavía, já no ano 1200 existiam os "Araújos" e os "Antas" e a partir daí as gerações sucederam-se por meio de Frei Belchior Estevam Vasques, Mendo Afonso, Lopo e Pedro Álvares, estes do ramo "Antas", e por Vasco, Paio, Rodrigo, Lopo, Álvaro e Violante, do ramo "Araújo".

            Partindo do tal Domingos de Azevedo Antas que o Dr. Armando Araújo de Azevedo Amorim aponta como sendo o iniciador da família, mas que efectivamente não é, vamo-lo encontrar casado com a referida D. Ana Isabel Pereira e pai de cinco filhos, sendo o mais velho aquele que deu origem à continuidade da família, através do seu matrimónio com a primeira proprietária da Casa das Pedrosas.

            Trata-se de José Luis de Azevedo Pereira (em 1745 já era licenciado), que foi Senhor da Casa da Valeta e Juiz dos Orfãos. Casou em Labrujo no dia 26 de Março de 1762 com D. Maria Victória Pereira de Antas Monteiro, filha do Capitão João Antas Monteiro e de D. Perpétua Joaquina, esta, nascida na Casa da Rua, a 8 de Junho de 1746. Daí que fosse titulada como Senhora da Casa da Rua.

            Desta descrição, poder-se-á concluir que os pais do Dr. José Luis e de D. Maria Victória eram parentes, dado que ambos usavam o apelido de "Antas".

            Os restantes filhos do casal Domingos e D. Ana Isabel, foram:

            - Carlos Caetano de Azevedo Pereira. Faleceu solteiro, e por escritura de 6 de março de 1747 renunciou a todos os seus bens em favor de sua irmã Maria Antónia. Existem elementos, embora não muito seguros, de que Carlos Caetano teria professado;
            - Manuel José de Azevedo Pereira. Faleceu também solteiro, e em 8 de Janeiro de 1745 já era licenciado;
            - D. Berta Luiza de Azevedo Pereira. Seu pai deserdou-a por escritura de 22 de março de 1748, dado ser menor de 25 anos, e ter-se ausentado de casa em companhia de José da Silva, escultor, da cidade de Braga, com quem veio a casar ainda no decurso do mesmo ano, como se constata da escritura de venda efectuada em 9 de Dezembro de 1748 pelo referido José da Silva, da legítima que lhe tocara pelo falecimento de sua sogra, D. Ana Isabel Pereira; e
            - D.Maria Antónia de Azevedo Pereira, beneficiada com os bens renunciados por seu irmão Carlos Caetano. Desconhece-se se ficou solteira ou se faleceu ainda nova.

            Dos cinco irmãos referidos, apenas se conhece a descendência do Dr. José Luis através de um filho de nome José António de Azevedo Pereira Antas Monteiro que se distinguiu na sociedade da época, pois além de ser licenciado, foi Juiz de Foro e Corregedor da Comarca de Valença do Minho.

            Casou com D. Mariana Angélica Pereira da Silva e Oliveira, Senhora da casa das Pedrosas e filha de Joaquim José Pereira da Silva, Monteiro-mór da Vila dos Arcos, Tabelião da Comenda de Távora, e de D. Máxima Julia de Oliveira.

            O Dr. José António e sua mulher D. Mariana Angélica também só tiveram um filho que, tal como seu pai, foi personalidade de destaque no meio onde vivia, designadamente com os Títulos de Senhor da casa das Pedrosas, monteiro-mór da Vila dos Arcos em 1812, por sucessão de seu avô materno, Vereador Municipal, Juiz substituto da Comarca, Administrador interino no termo dos arcos de Val-de-Vez em 1846 e primeiro titular da Carta de Brazão concedido por D.João em 27 de Março de 1820. Estamos a referir-nos a José Guilherme Pereira de Azevedo Antas de Araújo que veio a casar com D. Maria Joaquina de Sousa Amorim, Senhora da casa das Nogueiras, na freguesia do Vale.

            O casal José Guilherme e D. Maria Joaquina viveram na casa das Pedrosas, e ali nasceram as suas quatro filhas:
            - D. Maria Inocência Pereira de Azevedo;
            - D. Engrácia Balbina Pereira de Azevedo;
            - D. Mariana Augusta Pereira de Azevedo; e
           - D. Carlota Joaquina Pereira de Azevedo.

            Destas irmãs, a D. Maria Inocência, veio a casar com o Dr. José de Araújo Pereira que foi Administrador interino dos Arcos-de-Valdevez no período entre 1862 e 1870, tendo deixado à sua morte os seguintes descendentes:
            - Alberto de Araújo Pereira de Azevedo, que faleceu solteiro;
            - D. Rosa de Jesus Araújo Pereira de Azevedo, nascida na Casa das Pedrosas e posteriormente casada com seu primo Dr.Albano Guilherme de Azevedo Amorim, filho de Francisco Bernardo de Amorim e de sua mulher D. Engrácia Balbina Pereira de Azevedo. D. Rosa de Jesus faleceu a 29 de Julho de 1936, na sua residência; e
            - D. Maria José de Araújo Pereira que veio a casar com seu primo José Avelino Nunes de Azevedo, filho de João Manuel Nunes e de sua mulher D. Mariana Augusta Pereira de Azevedo.

            A segunda das quatro filhas do aludido José Guilherme, D. Engrácia Balbina, casou, como já foi referido, com Francisco Bernardo de Amorim, filho de um antigo Secretário da Câmara dos Arcos, tendo à sua morte deixado os seguintes filhos:
 
Albano Amorim
    - Dr. Albano Guilherme de Azevedo Amorim, nascido na freguesia de S.Paio da Vila, tendo sido Presidente da Câmara dos Arcos de Valdevez, advogado e político de destaque no meio arcuense. 
         Casou, como também já foi referido, com D. Rosa de Jesus Araújo Pereira de Azevedo, e veio a falecer na Casa das Pedrosas, no dia 9 de Novembro de 1945;
            e
            - D. Maria Hedvyges de Azevedo Amorim, casada que foi com Abílio da Rocha Gomes.

            A terceira filha do mesmo José Guilherme, D. Marina Augusta, contraiu matrimónio com João Manuel Nunes,  professor oficial do ensino primário. Desta união advieram cinco descendentes dos quais, que se saiba, só um deixou geração. trata-se de José Avelino, conforme vamos observar:

            - José Avelino Nunes de Azevedo que casou em Guilhadezes com sua prima D. Maria José, esta nascida na casa das Pedrosas no ano de 1865 e falecida a 8 de Março de 1925;
            - Padre António Florêncio Nunes de Azevedo, nascido em 1859 e falecido na freguesia de Merufe, no concelho de Monção, onde foi pároco até 1931, ano em que faleceu com 73 anos de idade;
            - Padre Constantino Nunes de Azevedo, cujo destino não foi possível apurar por falta de elementos;
            - D. Adelaide das Dores Nunes de Azevedo, falecida em Tabaçô no dia 26 de Setembro de 1894; e
            - D. Máxima Nunes de Azevedo, falecida em Riba de Mouro, no ano de 1895. Desconhecem-se também, mais pormenores sobre a vida desta Senhora.

            A quarta filha do já citado José Guilherme, D. Carlota Joaquina, faleceu com 66 anos, solteira.
            Todas as gerações até agora referidas, viveram em épocas distantes; todavía há conhecimento de contactos entre as mais recentes e alguns membros da família, ainda vivos.

            As gerações que se seguem nasceram já em era recente e, se alguns elementos que compunham essas gerações desapareceram do nosso convívio, outros dão-nos ainda o grato prazer de os ver ainda em plena actividade.

            Continuando o desencadear das gerações seguintes, vamos deparar com os filhos do casal Dr. Albano Guilherme e de D. Rosa de Jesus, todos eles nascidos na Casa das Pedrosas e, que ao longo da sua existência deram ao concelho de Arcos de Valdevez um contributo de prestígio, dignidade e dedicação, através de funções que exerceram. São hoje ainda recordados pela gentileza e nobreza de trato que sempre mantiveram com o seu semelhante, nunca esquecendo aqueles que a eles recorriam em momentos de dificuldade.

            São eles:

            - Dr. Alberto Carlos Araújo de Azevedo Amorim.  Foi Presidente da Câmara Municipal, juiz substituto da Comarca, Conservador do Registo Civil e Director do jornal "A Concórdia". Nasceu na casa das Pedrosas no dia 12 de Dezembro de 1890 e faleceu solteiro a 15 de Janeiro de 1963;
            - Dr. José Guilherme Araújo de Azevedo Amorim. Foi Notário e Oficial do Exército. Casou com D. Laura Tavarela de Sá Barbosa Lobo e faleceu na sua casa de S.Bento, no dia 7 de Fevereiro de 1971;
            - Eugénio Araújo de Azevedo Amorim. Casou com D. Cândida da Conceição César de Brito Valério e faleceu com 66 anos em 5 de Março de 1965, e sua esposa com 71 anos no dia 14 de Fevereiro de 1964, na Casa do Bonfim; e
 

          - Dr. Armando Araújo de Azevedo Amorim. Foi Juiz Desembargador no tribunal da Relação do Porto, advogado e também Director do jornal "A Concórdia". Nasceu no dia 9 de Agosto de 1900 e faleceu solteiro, na Casa das Pedrosas, a 3 de Novembro de 1983.

Eugénio, ao contrário dos irmãos, não era licenciado, no entanto, foi figura de relevo no campo da música.
 
          A Enciclopédia Luso-Brasileira refere a seu respeito:

          "AMORIM-(Eugénio de Araújo Azevedo). Musicólogo, nasceu a 19 de Setembro de 1898, na freguesia de Guilhadezes, do concelho de Arcos de Valdevez. Em 1915 matriculou-se no Conservatório Nacional de música, onde frequentou até 1921, os cursos de violino e harmonia. Como violinista, tomou parte em diversos concertos. Realizou várias conferências focando, em especial, a obra e a personalidade do compositor e pianista portuense Óscar da Silva e cantos populares do Minho. 
          É autor de um curioso Dicionário Biográfico de Músicos do Norte de Portugal, e de outros trabalhos valiosos, tais como o Abada Perosi perante a arte religiosa e a influência dos reis portugueses na história da Música".

    D. Maria Hedvyges, irmã do já mencionado Dr. Albano Guilherme de Azevedo Amorim, contraiu matrimónio com Abílio da Rocha Gomes. Desta união nasceram quatro filhos, assim identificados:

            - Herculano da Rocha Gomes, licenciado, que faleceu sem deixar descendentes, embora fosse casado em segundas núpcias, com uma senhora pertencente à família Bacelar;
            - D.Maria Augusta da Rocha Gomes, falecida sem deixar descendência;
            - Abílio da Rocha Gomes Júnior, escrivão de direito, casado com D. Camila Sampaio da Rocha Gomes, professora do ensino primário e recentemente falecida. este casal também não deixou filhos; e
            - D.Izolina Izaura da Rocha Gomes, que contraiu matrimónio com Francisco de Sousa Meneses Moscoso.

            Dos cinco descendentes de D. Mariana Augusta, terceira filha do já aludido José Guilherme Pereira de Azevedo Antas de Araújo, primeiro titular da Carta de Brasão, só José Avelino Nunes de Azevedo, pelo que se apurou, constituiu família e deixou filhos.

            Casou em Guilhadezes com sua prima D. Maria José, esta nascida na Casa das Pedrosas. Os filhos a que nos referimos foram:

            - Abel de Araújo Nunes de Azevedo que veio a casar com D. Maria Filomena Vaz da Cunha de Sousa e Castro, filha de José Maria de Sousa e Castro e de sua mulher D. Maria Venuzina Vaz da Cunha; e
            - D. Ester de Araújo Nunes de Azevedo que contraiu matrimónio com o Dr. José de Sousa Guimarães, Vice-Consul de Portugal em Brest, agraciado pelo Governo Francês com a Legião de honra em Março de 1925. Era licenciado em medicina, escreveu algumas obras literárias e teve uma acção política muito importante no meio local.