Capítulo
2
Gerações
Primitivas
Antes de nos socorrermos da "Carta de Brasão", onde constam várias gerações anteriores à de José Guilherme Pereira de Azevedo Antas e Araújo Monteiro, primeiro titular da citada Carta, vamos aprofundar as origens da família.
Segundo narrativas da autoria de ilustres historiadores, Frei Belchior Antas e Vasco Araújo estiveram na base da família, a partir do século XIII.
A união entre os Antas e os Araújos nasceu do casamento de Pedro Álvares Antas com D. Violante Rodrigues de Araújo o primeiro, descendente de Mendo Afonso Antas, e a segunda, filha de Álvaro Rodrigues de Araújo.
Para nos situarmos de imediato em questões concretas, vamos passar à transcrição de factos escritos por Pinho Leal no "Portugal Antigo e Moderno", e à descrição histórica da freguesia de Rubiães, do concelho de Ponte de Lima onde se fala pela primeira vez dos Antas:
"Pelos anos de 1230, os creados da Rainha Santa Mafalda, filha de Sancho I, causaram grandes danos na albergaria do monte Fuste, ou Monforte, que então era de Estevam Vasques Antas, vendo-se este obrigado a reunir os seus creados e familiares, e correr aqueles. Queixou-se Estevam Vasques Antas a D. Sancho II (o capêlo) e foram feitas as pazes com a Rainha Santa Mafalda, os Antas e os creados de ambas as partes, assistindo D. Rodrigo Gil, prior da Ordem de Malta, no dia 29 de Junho de 1243.
Segundo antigos documentos que existem na Casa dos Antas, tinham os Senhores vínculo ao paço acastelado, com suas Torres, o que foi arrasado pelos leoneses em 1129. Lopo Rodrigues Antas (o romano)(...). No Alpendre estão três sepulturas visíveis - são do dito Lopo Antas, do seu pai e de seus irmãos.
Frei Belchior Antas, dominicano, era desta família e morreu na ilha de Solôr (Oceania), com fama de santo. (...) Ficava nesta freguesia o Solar de Antas (...) A igreja matriz, da invocação de S.Bartolomeu, foi fundada em 1502 por Lopo Antas que logo criou três capelanias com missões cotidianas. No alpendre desta igreja, onde existem as três sepulturas, estão a servir de colunas seis marcos miliares romanos, que vieram de Cassourado. Num deles lê-se o seguinte: IMPERATORI - D.N. - MAGNO - MA ENTIO - IMPERATORI - A.V.C. - P.F. - B.N.R.P.N. - XXXI."
Como acabamos de constatar, os Antas são originários do Solar de Antas que se situava na freguesia de Rubiães e descendem de Frei Belchior Antas e de Estevam Vasques Antas. Daqui, as gerações sucederam-se através de Mendo Afonso Antas e Lopo Antas até Pedro Álvares Antas que, como já referimos, contraiu matrimónio com D.Violante Rodrigues de Araújo, esta do ramo dos "Araújo".
Quanto aos "Araújo", embora Pinho Leal nos diga que Paio Rodrigues de Araújo foi primeiro Alcaide-Mor de Lindoso e Castro Laboreiro, senhor de Lóvios, na Galiza, convém aclarar esta afirmação, porque à primeira vista parece haver alguma dúvida quanto à verdadeira origem desse personagem.
Vejamos o que nos referem velhos documentos a que tivemos acesso. Na descrição histórica da freguesia de Riofrio, encontramos a seguinte narrativa: "... foi aqui comendador Paio Rodrigues de Araújo e Lóvios, na Galiza, e das de S.Fins e Penojas, em Portugal. Foi Alcaide-Mor de Lindoso e Guarda-Mor de D.João I e de seu filho o Infante D. Henrique, o de Sagres.
Foi também comendador de Riofrio seu filho Rodrigues Alves de Araújo, que foi sepultado na matriz da mesma freguesia e tem numerosa ascendência que são os Araújos de diversas casas nobres do Minho...".
A "Carta de Brasão" da Família das Pedrosas, que mais adiante será transcrita na íntegra, refere: "... Que o suplicante José Guilherme Pereira de Azevedo de Antas e Araújo, é descendente de Pedro Álvares de Antas e de sua mulher D .Violante Rodrigues de Araújo, filha de Álvaro Rodrigues de Araújo, comendador de Riofrio, e neta de Paio Rodrigues de Araújo, senhor de Sanfins e Panoias e da antiga Casa Solar de Araújo, e possuidor da mesma Comenda..."
Ao descrever a Família da Casa das Pedrosas, José Cândido Gomes, ilustre historiador arcuense, diz-nos: "... A casa pertencia a D .Rosa de Araújo Pereira de Azevedo, herdada de seu pai, D. José de Araújo Pereira, filho de um abastado lavrador de Riofrio...".
Benito Pereira Dominguez, autor do livro "Lovios e a sua Comarca", fala-nos da história dos "Araújo" e do Castelo de Lindoso, referindo a certa altura: "O Castelo de lindoso foi mandado construir pelo rey D. Riomiño, que fixo alcalde desta fortaleza a D. Paio Rodrigues de Arauxo, grau cabaleiro, señor de Arauxos, Lovios, Xendine, Ogos, Forno, Riocaldo e fortalezas de Bande e Celanova. Era en Portugal señor de Val de Podos e alcalde maior de soutelo, Castro Laboreiro e Lindoso. Os Arauxos eram donos dos pobos desta comarca. Paio Rodrigues de Arauxo era filho de Vasco de Arauxo. Foi nomeado polo proprio rey D.Dionisio para tratar com o rey de Aragón o casamento com Isabel, raiña de Portugal...".
Por último, vamos ver o que nos refere a descrição histórica da freguesia de Rubiãis, do concelho de Ponte de Lima: "O 1º alcaide-mór de Lindoso e castro Laboreiro, por ordem do rei D.Dinis, foi Paio Rodrigues de Araújo, que na Galiza era Senhor de Lóvios, de Araújo, Gendive, Ogos e Forno - Alcaide-mór dos Castelos de Santa Cruz, Sande, Milmenda, apresentava muitos ofícios e benefícios, em Portugal e na Galiza - e era senhor dos Coutos de vale de poldras, Soutelo e Riocaldo...".
A descendência de Paio Rodrigues de Araújo seguiu-se desde logo através de seus filhos Rodrigo Alves de Araújo, comendador de Riofrio e sepultado na matriz da mesma freguesia; Lopo Rodrigues de Araújo que viveu com seu pai em lóvios e foi senhor do coto de lindoso; e Álvaro Rodrigues de Araújo, pai de D.Violante Rodrigues de Araújo, Senhora da Casa da Torre, em Riofrio.
Perante todos estes factos históricos, não há dúvida de que estamos em presença da mesma pessoa, ou seja Paio Rodrigues de Araújo progenitor do tal "abastado lavrador de Riofrio".
Há ainda um outro pormenor relacionado com os "Araújos" que passou despercebido aos autores do II Volume das "Casas Armoriadas do Concelho de Arcos de Valdevez", mandado editar recentemente pela Câmara Municipal, que é o seguinte:
As armas dos Araújos (vidé Brasão da Família das Pedrosas) são constituídas por "Campo de prata, uma aspa azul firmada no escudo e carregada com cinco bezantes em ouro".
Se consultarmos o Brasão da casa da ponte, em S.Paio da Vila, vamos encontrar a mesmíssima descrição no timbre dos Araújos.
Assim sendo, os Araújos da casa das Pedrosas e os da Casa da Ponte estão ligados por laços de sangue.
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